Quando o homem for livre como o vento
E houver igualdade, sem olhar a credo ou raça
E o rio correr, refulgente, a seu contento,
Sem que o matem águas fétidas, de cor baça …
Quando o ar que respiramos for isento
De radioactividade, de venenos, de fumaça
E o céu, que vai ficando pardacento,
For só azul e oiro – e nuvens, que lhe dão graça! ...
Quando a máquina parar por um momento
Porque um homem cruza a rua ou a praça
E não vivermos sós, em total alheamento
De todos os que vivem na desgraça …
Quando o dinheiro não for mais instrumento
Da corrupção, da intriga, da fome que aí grassa
E o pobre não tiver, como alimento,
Apenas uma sopa, magra e escassa …
Quando ao trabalho se der merecimento
E a fortuna não for feita da trapaça
E o suor, que cai do rosto macilento,
Não for bebido, já néctar, numa taça …
Quando, ao ser anunciado novo invento,
Não se trate de canhão, avião de caça,
Ou de outro mortífero armamento
Que, pelas mãos dum louco, nos desfaça …
Quando houver em todos nós contentamento
Porque o átomo não é mais uma ameaça
E nos abandonar o medo, o sentimento,
De que um dia uma bomba nos traspassa …
Quando tivermos, enfim, o entendimento
De que a vida são dois dias … depois passa,
E as nossas mãos se derem e, no momento,
Sentirmos o que sente a mãe que o filho abraça …
Então, eu sei, a Terra toda há-de florir!
Não há nada, nada, nada, que o impeça.
E houver igualdade, sem olhar a credo ou raça
E o rio correr, refulgente, a seu contento,
Sem que o matem águas fétidas, de cor baça …
Quando o ar que respiramos for isento
De radioactividade, de venenos, de fumaça
E o céu, que vai ficando pardacento,
For só azul e oiro – e nuvens, que lhe dão graça! ...
Quando a máquina parar por um momento
Porque um homem cruza a rua ou a praça
E não vivermos sós, em total alheamento
De todos os que vivem na desgraça …
Quando o dinheiro não for mais instrumento
Da corrupção, da intriga, da fome que aí grassa
E o pobre não tiver, como alimento,
Apenas uma sopa, magra e escassa …
Quando ao trabalho se der merecimento
E a fortuna não for feita da trapaça
E o suor, que cai do rosto macilento,
Não for bebido, já néctar, numa taça …
Quando, ao ser anunciado novo invento,
Não se trate de canhão, avião de caça,
Ou de outro mortífero armamento
Que, pelas mãos dum louco, nos desfaça …
Quando houver em todos nós contentamento
Porque o átomo não é mais uma ameaça
E nos abandonar o medo, o sentimento,
De que um dia uma bomba nos traspassa …
Quando tivermos, enfim, o entendimento
De que a vida são dois dias … depois passa,
E as nossas mãos se derem e, no momento,
Sentirmos o que sente a mãe que o filho abraça …
Então, eu sei, a Terra toda há-de florir!
Não há nada, nada, nada, que o impeça.
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